Lusofonia e Francofonia: dois espaços linguísticos, culturais, econômicos e políticos que se conjugam no plural. Deve-se, aliás, falar de LusofoniaS e de FrancofoniaS. A diversidade dos povos e das culturas que compõem os espaços geográficos onde se fala a língua portuguesa e francesa ganha, se for pensada e respeitada na sua pluralidade. Em plena diversidade linguística mundial, que temos o dever de proteger e preservar, esses dois idiomas têm por vocação servir de língua de comunicação internacional, serem línguas veiculares e línguas do conhecimento que continuam a se beneficiar de uma presença política, comercial, militar, científica, literária, artística, etc.

Estima-se na atualidade que existam 267 milhões de falantes do português. É o sexto idioma mais difundido do planeta e a terceira língua europeia mais falada no mundo. O português, com a força de ter sido adotado como língua oficial em nove países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde o português é língua oficial, além das várias diásporas portuguesas dispersas pelos quatro cantos do mundo e alguns territórios como Macau, Goa, Damão e Diu e outros que formam o espaço lusófono. Estima-se que, em 2025, a população lusófona no mundo terá aumentado em 50%. No entanto, a língua portuguesa ainda não alcançou o lugar que merece, tanto pela sua expansão como pela sua história de mediador internacional, apesar de seu crescimento demográfico ser invejável e de sua aprendizagem se desenvolver exponencialmente, sobretudo na América do Sul e em África. Ainda não é vista como uma língua de comunicação científica, uma língua de negociação internacional, de comércio internacional, tal como acontece com outras grandes línguas de comunicação internacional, como o francês, que têm um lugar reconhecido nos fóruns e negociações internacionais.

O espaço francófono representa cerca de 274 milhões de locutores, segundo um estudo de 2019 do Observatoire de la Langue Française (OLF). É língua oficial ou co-oficial em 57 Estados e está presente em todos os continentes e, segundo o Internet World Stats, era usada em junho de 2022 por 132 milhões de pessoas na Internet.

No universo francófono, a Organisation Internationale de la Francophonie (OIF) teve sua origem na Agence de Coopération Culturelle et Technique (ACCT) criada em 1970 e, no universo lusófono, existe a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), muito mais recente, tendo sido criada em 1996. No entanto, a atuação e a dinâmica desses organismos são bem distintas.

Esses dois espaços têm numerosos pontos comuns, designadamente a articulação que permanece até hoje com os países e os povos que falam as línguas que lhes foram transmitidas. Mesmo tendo sido adaptadas à cultura local, a língua portuguesa e a língua francesa representam um veículo de comunicação, um traço de união cultural, econômico e político entre os vários povos. O que une os lusófonos e francófonos afinal, hoje em dia? Que potencial é este para o qual devemos encontrar uma estratégia de consolidação?

A língua é a semente

A língua é a terra mãe. É a semente que germina no dia-a-dia dos povos e permite uma comunicação; é também a língua que, na academia, permite a transmissão do conhecimento.

No que toca ao paralelismo com a Francofonia, pareceu-nos óbvio pelo facto de estarmos inseridos numa universidade francesa, pelo que a dimensão francófona se afigura fundamental. Há um espaço propício a projetos conjuntos repleto de potencial por realizar e partilhar.

As pontes são óbvias. A língua é a ponte entre os povos. Ela é que permite estabelecer a relação e, por isso, interligar pessoas e culturas. A língua é um bem precioso porque permite gerar um valor acrescentado pedagógico e cultural, econômico e empresarial da língua. Até mediático e diplomático.

A necessidade de uma política da língua portuguesa

Num mundo globalizado e em transformação rápida, a aliança da Latinoesfera afigura-se essencial. A Francofonia e a Lusofonia devem procurar alavancar mais pontes nas áreas científicas, tendo em conta a biodiversidade, a saúde e a ecologia, por exemplo, assim como uma maior rede de cooperação universitária que promova a mudança e a inovação. A troca de serviços no campo empresarial também é uma necessidade.