A perícia dos chefes templários, herdada pela Ordem de Cristo, desempenhou um papel fundamental na expansão marítima portuguesa. Como resultado, a Ordem de Cristo não só ganhou o controlo sobre os territórios recém-descobertos, como também assegurou 5% do valor das mercadorias importadas dessas terras. Para além disso, a Ordem estabeleceu instituições de ensino náutico, construiu estaleiros navais e criou mapas marítimos e costeiros. Estas iniciativas contribuíram grandemente para o crescimento da exploração marítima em Portugal.

Com o compromisso de expandir os seus conhecimentos de navegação, os indivíduos procuraram diligentemente oportunidades para embarcar em viagens em busca de territórios desconhecidos. O seu desejo de descobrir novas terras era alimentado pelo conhecimento transmitido através de gerações e pela utilização de mapas meticulosamente elaborados.

Durante o período de 1200 a 1600, Portugal alcançou um sucesso significativo na expansão da sua influência marítima. A presença portuguesa era evidente não só em ilhas próximas, como a Madeira e os Açores, mas também em locais distantes. Os portugueses estabeleceram fortes e postos avançados para fins comerciais e também desempenharam um papel na difusão do cristianismo junto das populações indígenas.

Sob a direção do Infante D. Henrique, um dos seus famosos Grão-Mestres, Portugal emergiu como o primeiro império global do mundo. No século XV, Portugal desempenhou um papel crucial no avanço da globalização ao liderar a exploração de novas rotas marítimas e territórios. Este notável empreendimento foi supervisionado pela influente Ordem de Cristo.

Após a conquista de Ceuta em 1415, o Arquipélago da Madeira foi oficialmente descoberto no Atlântico em 1419/20. As viagens subsequentes percorreram com êxito toda a costa africana, passaram o Cabo das Tormentas e, por fim, chegaram à Índia por mar em 1498. Para além disso, o Brasil foi descoberto em 1500. Durante a época do domínio português, foi estabelecida a primeira rede imperial moderna, em resultado da intensa competição com Espanha pelos territórios recém-descobertos. A atração pela riqueza destes territórios levou à sua divisão entre os dois países, facilitada pela assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494.

Através dos "Descobrimentos", os portugueses estabeleceram um legado que continua a influenciar a relação atual entre a Europa e quatro potências emergentes proeminentes no século XXI: Brasil, África do Sul, China e Índia. Este envolvimento pioneiro dos portugueses com estas nações lançou as bases para futuras interacções, marcando o seu estatuto de primeiros europeus a estabelecerem sistematicamente ligações com estes países influentes.

Ao longo da história, há uma lição histórica recorrente que transcendeu o tempo e foi recontada durante séculos.

No domínio da geografia política, Portugal situa-se numa posição única, designada por alguns como "shatterbelt". Ocupa uma localização estratégica como país europeu e atlântico, servindo de limite ocidental da Europa e de frente para o Atlântico na Península Ibérica. Consequentemente, esta área tem sido historicamente propensa a conflitos e desacordos entre as principais potências continentais e marítimas.

Na perspetiva de um perito em contexto formal, é fundamental considerar esta situação sob dois pontos de vista distintos. A primeira perspetiva é fatalista, descrevendo a condição de protetorado ou de dependência suscetível de ser controlada e influenciada por potências dominantes. A segunda perspetiva inspira-se no século XVI, encarando a situação como uma plataforma de projeção de ideias, livre das noções imperialistas e das tendências violentas associadas às épocas joanina e manuelina.

Para Tessaleno Devezas o maior erro de Portugal foi mesmo a expulsão dos judeus, que tinham "altas competências", eliminando-se a "perna financeira da expansão".

Outro pecado português no seu entender foi sem a dúvida a má gestão do Brasil após a Revolução Liberal. Portugal não soube conduzir uma grande inovação que era ter uma nação transcontinental. Com as invasões francesas, o Brasil transformou-se num reino e Portugal deixou passar a chance política de fazer algo em conjunto com Brasil, que já era um país emergente no cenário mundial.
Quanto à "grande lição" a tirar é entender que hoje Portugal continua a ser um país pequeno, mas que pode ter sucesso, desde que tenha metas e estratégias bem definidas.

Um estudo atual sobre as principais tendências mundiais atuais na área do empreendedorismo, realizado pela multinacional Amway em 24 países, revela que 83% dos portugueses assume que não dá o passo de criar um negócio hoje porque tem medo de falhar, contra a média internacional de 70% e de 40% nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos o falhanço é valorizado socialmente, até mesmo pela banca, e muitas vezes há juros bonificados para os empreendedores.

É bem conhecido que explorar novos caminhos envolve cometer erros. Todos os empreendedores bem-sucedidos enfrentaram essa realidade em algum momento. Alguns desistiram e desistem ao longo do caminho, enquanto outros foram e são suficientemente resilientes para alcançar seus objetivos. Precisamos de uma mudança cultural que valorize o empreendedor como o impulsionador da economia. Isso requer mudanças profundas nos níveis social, económico e educacional.

Devemos criar condições de financiamento favoráveis para os empreendedores, reconhecendo e apoiando sua coragem tanto nos momentos bons quanto nos momentos difíceis. Além disso, é importante fortalecer a conexão entre empresas, universidades e jovens empreendedores, unindo pessoas e instituições de diferentes partes do mundo. Não devemos esquecer que somos o resultado da interação de várias trajetórias, nas quais nos misturamos com outros e nos transformamos gradualmente no que somos hoje.

O resultado desse esforço será um país em que as pessoas tomam a iniciativa, em vez de esperar que o Estado resolva todos os problemas e desafios. Será um país focado em conquistar os mercados globais, capaz de explorar o desconhecido para alcançar outros continentes e culturas.

Um país que se liberte de uma vez por todas do estigma de que tudo o que é bom vem de fora e, em vez disso, valoriza a interculturalidade - um traço marcante da Expansão Portuguesa que influenciou nosso património - para impulsionar a inovação numa reinventada economia global.
Um país feito de pessoas que não têm vergonha de conquistar o mundo e que, para isso, estão dispostas a sair da zona de conforto para a zona de confronto, dando novamente “novos mundos ao mundo”.