Nas profundezas das águas há muitos tesouros, histórias, riquezas, vitórias e mistérios. É imensurável o poder dos rios, oceanos e lagos na vida humana e, portanto, é compreensível que até o sol, o mais poderoso dos astros, procure o mar para encerrar o dia. Foram as águas que apresentaram o Brasil para o mundo. Há mais de quinhentos anos, navegadores portugueses viram as cores verde e amarelo surgirem nesse líquido precioso, refletindo tons azulados. Composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, a união de tais moléculas carregam a esperança da economia brasileira, mais conhecida como Amazônia Azul.

Para muitos indivíduos, pensar na Amazônia é pensar somente no verde - na mata, - representado pelos cinco milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical distribuídos por nove países, sendo que 60% dela pertence ao Brasil. De fato, a Floresta Amazônica é um grande bioma que precisa ser preservado. Mas, não é só de verde que é constituída a bandeira. Há o amarelo para simbolizar as riquezas, e, bem no centro do retângulo dessa representação pátria, envolto e protegido pelas outras cores, há um círculo azul, que estampa os milhares de quilômetros de céu e água do país. Infelizmente, o azul tem ficado opaco devido à poluição e o uso indevido de recursos minerais e energéticos dessa hidrosfera, ou seja, a extensão pelágica nem sempre recebe a atenção e valorização que merece, pois muitos esquecem que qualquer exploração de recursos produz impacto. Por isso, a Marinha do Brasil criou a Amazônia Azul para conscientizar os brasileiros da relevância política e econômica da faixa costeira.

Numa área de milhões de quilômetros, os mares e rios brasileiros possuem muitas riquezas e potencial de uso econômico de diversos tipos: pesca, recursos minerais, navegação mercante, turismo, enorme biodiversidade de espécies marítimas, petróleo, aproveitamento de energia maremotriz e energia eólica em alto-mar. No mar, por exemplo, estão as reservas de pré-sal e dele é retirado 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado produzido no país. Através das rotas marítimas escoa-se mais de 95% do comércio exterior brasileiro. O Brasil está entre as quinze aquiculturas – ciência que estuda técnicas de cultivo e reprodução de peixes, algas, crustáceos ou moluscos e tratamento para melhorar atividades piscatórias- maiores do mundo. Mas ainda há muito por fazer.

É preciso que a nação conheça a importância do espaço marítimo para o progresso econômico do país. Vale ressaltar que as águas, que muitas vezes delimitam países ou continentes, possuem leis que regem o seu uso, definidas em 1982, na Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Tais definições surgiram para o uso planejado e estratégico dos recursos náuticos e marinhos.

Para dar maior rentabilidade e valorização ao que os mares e rios oferecem, é preciso traçar planos de ação política para favorecer a introdução de novas tecnologias em segmentos como a aquacultura, a elaboração de leis que evitem a pesca ilegal e o alinhamento coerente dos diferentes setores que utilizam as águas. Mas a Economia Azul é dever de todos: governo, empresas e cidadãos. Toda iniciativa que procura meios de transformar a economia é positiva e auxilia na criação de uma cadeia de valores. Assim, é necessário construir o “pensar” global, o que significa que, de gota a gota, uma ação bem gerida cria vínculos com outras águas, contribui para o desenvolvimento econômico e apoia atividades de cooperação de ciência e tecnologia que elevam as potencialidades marinhas.

Diante dos aspectos abordados, conclui-se que a economia azul propõe mudanças estruturais na economia baseada no funcionamento dos ecossistemas e oportuniza a criação de soluções sustentáveis para o âmbito social, econômico e planetário. Em suma, economia azul é a possibilidade de transformar moléculas de esperança em gotas de realidade em uma imensidão oceânica chamada futuro.