Desde o caos e o início do mundo, nossa sociedade foi construída em cima de moldes religiosos, sendo de extrema importância sabermos confrontar a fé de um indivíduo e sua religiosidade.

Segundo o Psicólogo Carl Gustav Jung (1875-1961), em suas teorias dos Arquétipos e Inconsciente Individual e Coletivo, recebemos uma herança comum de padrões e comportamentos emocionais e intelectuais, a qual ele denominou de Arquétipos. Portanto, a força do inconsciente nos coloca em práticas do dia a dia de maneira inconsciente em todas as formas culturais e intelectuais, como na religião, na cultura e na maneira como nos expressamos. Ele ainda contribuiu, com seus estudos, para o esclarecimento de que o homem, apesar de toda sua racionalidade, é possuído por forças inconscientes que buscam seus deuses e demônios, contribuindo por uma busca que aparece de forma psíquica em transtornos como ansiedade, drogas, álcool, neuroses e psicoses.

Para esse psicólogo, o encontro com Deus, a descoberta de nosso self (si mesmo), e o desenvolvimento da capacidade religiosa nos trazem de volta ao equilíbrio e a nossa capacidade de controle da psique, isto é, à ordem psíquica.

No Livro Vermelho de C.G. Jung, a relação do caos e religião são relatados: o caos como a desordem e a religião como ordem; deixando bem claro em seus estudos que se trata da religião em si, sem os dogmas religiosos; a religião voltada para a busca de algo que preencha o vazio existencial. O fato de Jung ser um cientista em religião, descreve a importância da dualidade psíquica que o ser humano vive: luz e sombra; amor e ódio; ordem e desordem. Para o autor, as religiões apresentam uma explicação sobrenatural para o mundo.

Psicanaliticamente, ela é uma forma de alívio das ansiedades e desequilíbrios psíquicos, que são construídos ao longo do tempo devido às variadas formas de viver.

O ser humano busca respostas para a sua origem e a do mundo. Durante a Idade Média, um cientista era condenado à fogueira pela Inquisição, durante uma nova descoberta, acusado de heresia. Fazemos parte de uma sociedade construída em cima de moldes religiosos.

Ilya Prigogine (25/1/1917-28/5/2003), físico-químico, ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1977, com sua inovadora interpretação do tempo, do caos e da instabilidade, nos proporciona uma excursão por uma ciência em evolução. Suas ideias nos levam a repensar o papel do nosso tempo, a mudar nossa visão, sobre as leis fundamentais da física que buscam explicar o universo. Esse paradoxo do tempo que diferencia o passado do futuro.

O tempo exprime, uma forma de dualismo, estabilidade e instabilidade. Um aspecto fundamental da nova visão que Prigogine nos propõe, mas, é com o surgimento da incerteza, a probabilidade ligada à incerteza, o que é possível e não o que é certo. Ao abandonarmos os velhos hábitos, as trajetórias, deixamos de lado as certezas da dinâmica tradicional e vivemos o que é possível.

Para C.G. Jung, nos comunicamos emocionalmente através dos arquétipos do inconsciente coletivo. O que conhecemos, através dos estudos de Jung, é o impacto que esses arquétipos produzem no inconsciente, determinando suas emoções, perspectivas de vida, influenciando os relacionamentos com outras pessoas e afetando aquilo que ele chamou de “destino”.

Para ele, por estarmos sempre na dualidade e inconstância, luz e sombra, amor e ódio, sempre em polos opostos, nossa psique funciona como um pêndulo em equilíbrio que a qualquer movimento, como um efeito borboleta, podemos nos mover ao outro polo: o desequilíbrio. Mas o que ele nos traz é que sempre há uma ligação entre o caos o vazio, e os mitos ou deuses que trazemos de maneira simbólica em nosso inconsciente, e que essas emoções atuam e se movimentam como um pêndulo em nossa psique.

Ele faz uma fundamentação psicológica para o pensamento religioso: o pensamento religioso está inserido na psique humana, através do arquétipo representado no inconsciente coletivo. Sempre que entramos em contato com um símbolo, nossas emoções se movimentam através do arquétipo. Um movimento pendular que pode nos levar à ordem ou à desordem psíquica.

Vivemos em oscilações constantes entre o caos e a ordem, na qual a dinâmica diária do cotidiano contribui para nos distanciarmos de nós mesmos e dos nossos desejos mais profundos.

Para Prigogine, nossas escolhas e incertezas, pertencem ao universo e são características próprias da existência humana. Ele nos mostra que existe espaço para o novo. Para Jung, a mente tem sua história própria, e a psique humana retem muitos traços dos estágios anteriores da evolução; as conexões existem e os símbolos que as representam não perderam importância para a humanidade.

O que podemos compreender com Jung e Prigogine, é que a certeza está nas probabilidades e incertezas da vida e dos acontecimentos. Aceitar a dualidade que existe em nós proporciona equilíbrio e sensatez.