A Carpintaria tem o prazer de anunciar a terceira exposição individual do artista dinamarquês Sergej Jensen no Brasil. Sete anos após sua última exposição na Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, o artista apresenta um conjunto de trabalhos inéditos que reafirmam seu interesse pelo uso de tecidos como suporte principal para sua prática pictórica, iniciada nos anos 2000.

Em sua obra, Jensen subverte o vocabulário tradicional da pintura ao empregar tecidos como linho, juta e seda como base para suas telas. O artista apropria-se dos mais variados tipos têxteis, explorando o contraste entre materiais de alta e baixa qualidade ao desconstruí-los e costurá-los, em um processo que resulta em composições abstratas de extrema sutileza. Sobre elas, Jensen utiliza materiais como tinta acrílica e folhas de ouro, evocando um uso quase acidental, fortuito, destes materiais, ao destacar texturas, tramas e enredos dos tecidos.

O artista aborda a superfície enquanto um campo de construção – e desconstrução – em que manchas, imperfeições e borrões por vezes aludem a mapas e paisagens, cartografias poéticas que jogam com luz e opacidade. Há também uma manipulação do processo da pintura em si: ora a tinta é aplicada indiretamente no tecido, por trás dele; ora a tela é encarada como um espaço negativo, sobre a qual o artista utiliza compostos químicos para subtrair a cor original, deixando que o próprio material revele suas peculiaridades e atributos.

Neste novo grupo de obras, o artista adiciona ao seu repertório técnico usual novos procedimentos como a impressão em UV, técnica que consiste no uso de radiação ultravioleta para atingir uma impressão de alta precisão em superfícies variadas. À primeira vista, a utilização de um artifício digital parece contradizer os métodos mais analógicos e manuais que guiaram a produção de Jensen até aqui. Estas escolhas, no entanto, revelam um esgarçamento do vocabulário visual do artista, cuja relação com a abstração por vezes esbarra na representação, revelando indícios figurativos, como em Ivory Crab (2018).

Isto torna-se ainda mais evidente em trabalhos em que materiais como platina, folhas de ouro e cristais de diamante emprestam extravagante e silenciosa eletricidade às suas composições. São obras que convidam o espectador a uma desaceleração do olhar na medida em que revelam temporalidade e frequências próprias, estimulando o espectador a decifrar as minúcias de um processo oblíquo de pintura. Assim, Jensen dribla o uso convencional de materiais e procedimentos típicos do suporte, revelando uma prática artística de alto rigor visual, amplamente reconhecida no circuito internacional da arte contemporânea.

Sergej Jensen (Maglegaard, Dinamarca, 1973) vive e trabalha em Nova York. Suas exposições individuais recentes incluem: Staatliche Kunsthalle (Baden-Baden, 2017), Statens Museum for Kunst (Copenhagen, 2016), e Berlinische Galerie (Berlim, 2013). Em 2011, teve sua primeira mostra panorâmica em um museu americano, MoMA PS1 (Nova York). Seu trabalho está presente nas coleções: MoMA (Nova York), Guggenheim Museum (Nova York), Tate Modern (Londres), Fondation Beyeler (Basel), Hammer Museum (Los Angeles), MOCA (Los Angeles), Centre Pompidou (Paris), entre outras.