Inaugurou, na Galeria Trem, em Faro, no dia 7 de julho a exposição Passagens de Samuel Rama. Esta exposição integra a programação para a Galeria Trem, prevista pelo curso de Licenciatura de Artes Visuais, da Universidade do Algarve, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Faro, do Museu Municipal, do CIAC e da Fundação para a Ciência e Tecnologia. A exposição estará patente até ao dia 22 de setembro e pode ser visitada no horário de Verão da Galeria, de terça-feira a sábado, entre as 12h30 e as 19h00.

Passagens de Samuel Rama

Que bonito salto no abismo,
Não estamos cansados, parados a discutir um tema
Temos o tempo por perto
O vai e vem das suas correntes
(…)
A arte e a vida sem diferença.

(Leonilson)

Samuel Rama é um artista que passeia entre técnicas diversas - a fotografia, a pintura, a escultura e o desenho. O seu trabalho estabelece um diálogo permanente consigo próprio, com as suas exposições e com a (i)materialidade do mundo que nos cerca. As suas imagens não buscam a visibilidade ou a representação - podemos considerá-las um dispositivo do visível, ou seja, cada fotografia, cada desenho, cada escultura é um suporte para um vir-a-ser em permanente movimento. Em cada obra, ou a cada exposição, percebemos que o artista está à procura de um sentido não só para a arte, mas para o mundo, as suas obras não se conformam em parecer, mas procuram, efetivamente, SER.

Os desenhos apresentados nesta exposição, Passagens, dão-nos a ver o processo de criação do artista através dos traços que passa para o papel de algodão - suporte paradoxal: aparenta uma delicadeza extrema, mas a sua resistência faz com que sirva também de suporte a documentos importantes e mesmo a notas bancárias. O papel de algodão possui, além da resistência, uma textura e uma fluidez específicas, bem como uma grande capacidade de absorção.

Muitos artistas escolhem este suporte por suas qualidades intrínsecas. No caso de Samuel Rama, o papel faz parte da obra, é um suporte que se torna objeto e que acolhe os traços dos desenhos, num diálogo permanente com as peças que o artista criou em exposições anteriores, como se seu projeto artístico fosse mesmo isso: um projeto em constante transformação e movimento. Uma passagem por materiais, por técnicas, por suportes e, sobretudo, uma passagem pelas fronteiras da arte e do mundo. A sua obra propõe ao espetador um salto no abismo que está para além da arte, um salto num abismo a que podemos chamar de vida.