Cris Andrade

Desde criança, aprendi a observar antes de agir. Sempre me intrigou o fato de que pessoas diferentes reagem de formas tão distintas às mesmas situações. Enquanto muitos buscavam respostas prontas, eu tentava enxergar os fios invisíveis da comunicação, aqueles que ligam emoção, gesto e intenção. Esse olhar atento foi se refinando com o tempo, não apenas como uma característica pessoal, mas como uma lente através da qual eu comecei a entender o mundo.

O tempo e as circunstâncias me levaram por caminhos diversos: áreas de trabalho distintas, mudanças de cidade, ciclos que se fechavam e recomeçavam em outros formatos. À primeira vista, essas experiências pareciam desconectadas, como peças soltas de um quebra-cabeça. Mas hoje percebo que todas formavam um mesmo desenho: entender o ser humano por meio da linguagem.

Durante muito tempo, como tanta gente, busquei estabilidade. O tipo de sucesso que é fácil de medir, resultados, metas batidas, um certo controle sobre o futuro. Mas, em algum momento, entendi que o que realmente me movia era algo mais sutil e ao mesmo tempo mais poderoso: a transformação que uma boa conversa, um texto ou uma ideia podem provocar.

Foi assim que me aproximei da escrita. No início, ela veio como um desabafo silencioso, um espaço íntimo de elaboração emocional. Depois, virou ferramenta de trabalho. E com o tempo, como quase tudo que me transforma de verdade, tornou-se prática de autoconhecimento. Escrever passou a ser mais do que expressão: virou método, lente, espelho.

A escrita se tornou meu campo de treino para entender o outro e a mim mesma. Cada palavra que escolho é uma tentativa de traduzir o que ainda não tem nome; cada pausa, uma escuta atenta. Às vezes, o que não é dito me diz mais do que o que está na superfície. E esse silêncio entre as palavras, esse espaço entre uma ideia e outra, me ensinou a importância da intenção por trás da forma.

Hoje, levo essa mesma sensibilidade para o copywriting, área em que atuo dentro de uma agência de marketing. Escrever para marcas, empreendedores e grandes projetos virou uma espécie de laboratório vivo: ali, observo como as histórias movem mercados, como o desejo é construído narrativamente e como as emoções sustentam decisões que, à primeira vista, parecem puramente racionais.

Escrever, para mim, é um ato de presença. Não escrevo apenas para informar ou convencer, escrevo para conectar. Minha formação em desenvolvimento humano, neurociências, psicologia positiva, etc, aliadas a um interesse constante por filosofia, neurociência e espiritualidade, me deu um olhar que ultrapassa a técnica. Vejo a comunicação como um espaço de expansão da consciência, um lugar onde a palavra pode curar, inspirar e provocar ação genuína.

Nos últimos anos, passei também a integrar a Inteligência Artificial no meu processo criativo. Não como um atalho, nunca como um atalho, mas como uma ferramenta de espelhamento. O diálogo com a IA me obriga a ser mais clara sobre o que quero expressar, a definir intenção e emoção antes mesmo de digitar a primeira linha. Nesse sentido, ela não substitui o meu pensamento, mas me ajuda a refiná-lo.

Essa combinação, escrita humana, sensibilidade emocional e tecnologia, molda meu trabalho hoje: uma escrita que busca o equilíbrio entre razão e intuição, dados e imaginação, algoritmos e alma. Escrevo com os pés no chão e a cabeça nas nuvens, tentando manter esse fio entre a técnica e o sentir.

Acredito que comunicar não é apenas transmitir uma informação, mas criar significado. Que toda marca tem um campo de energia próprio, e que meu papel, como escritora, é traduzi-lo em palavras capazes de tocar o outro de forma verdadeira. Meu foco está em unir técnica e empatia: compreender o cliente, entender o público e encontrar o ponto de encontro entre verdade e desejo.

Hoje, ao escrever campanhas, artigos ou reflexões, busco provocar a mesma sensação que tive ao descobrir minha vocação: aquela mistura de clareza e expansão que acontece quando o texto certo encontra o leitor certo, no momento certo. E sigo nesse caminho, entre o esporte, a curiosidade incessante e o trabalho na agência, com uma pergunta que nunca me deixou:

Como a palavra pode transformar realidades?

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