Barros, curadora coordenadora, MASP, e Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP, a exposição propõe um olhar tanto para a geometria tradicional, primordialmente orientada por princípios matemáticos, quanto para abordagens mais experimentais. Esses conceitos se desdobram em obras de artistas nacionais e internacionais que exploram diversos suportes e técnicas, como pinturas, esculturas, fotografias e tecidos. O diálogo entre as diferentes tendências reflete a incorporação da arte geométrica ao acervo do museu.

“O acervo do MASP é constituído sobretudo por obras figurativas, mas, aos poucos, a coleção de trabalhos abstrato-geométricos vem sendo ampliada. A organização de Geometrias mobilizou artistas e colecionadores, que generosamente doaram um número expressivo de obras as quais não apenas preenchem lacunas, mas também atualizam o acervo”, afirma Regina Teixeira de Barros.

A mostra destaca os movimentos concretista e neoconcretista, reunindo obras de Judith Lauand (Pontal, SP, 1922–2022), Willys de Castro (Uberlândia, MG, 1926 – São Paulo, SP, 1988), Hércules Barsotti (São Paulo, SP, 1914–2010), Lygia Clark (Belo Horizonte, MG, 1920–1988), Amilcar de Castro (Paraisópolis, MG, 1920 – Belo Horizonte, MG, 2002), entre outros. Além disso, são apresentados artistas que exploraram a geometria sob outras perspectivas, como Rubem Valentim (Salvador, BA, 1922–1991), que desenvolveu um sistema de símbolos afro-brasileiros; e Daiara Tukano (São Paulo, SP, 1982), que cria grafismos ligados às cosmogonias do povo Yepá-Mahsã.

O uso de padronagens têxteis surge em trabalhos como os de Cláudia Alarcón (Povo Wichí, Río Pilcomayo, Argentina, 1989) e Laura Lima (Governador Valadares, MG, 1971), que também estabelece conexões com a moda. Já outros artistas empregam a geometria para abordar questões políticas contemporâneas, como Sarah Morris (Londres, Reino Unido, 1967) e Kiluanji Kia Henda (Luanda, Angola, 1979).

O pensamento geométrico conduz também a expografia, resultando em paredes com “dobras” que exploram as possibilidades das formas. O caminho pela sala expositiva não linear ressalta a proposta de uma apresentação que transcende barreiras geográficas e temporais, abordando uma multiplicidade de vozes e contextos.