Tudo inicia-se no ventre, na barriga da mamãe, num mundo diferente para quem está de fora, até algo obscuro, com ruídos sutis, sendo eles da própria barriga ou externos, o papai conversando, a mamãe cantando, o irmão dando beijos.

Contando sobre uma experiência que vivi, na minha primeira gestação, ganhamos uma caixinha de música maravilhosa, de amigos queridos! Diariamente colocava na minha barriga para que meu filho ouvisse a canção, sentia sua “euforia” ao mexer dentro do ventre, experiência mágica, inexplicável, realmente milagrosa.

Para as mulheres que têm o desejo de ser mãe, participar, se envolver e curtir todo processo de gestação é algo quase que “sobrenatural”, toda a perfeição do corpo humano para que um ser cresça e se desenvolva dentro de outro ser só pode ter algo maior que rege todo esse encanto, algo realmente divino. Claro que toda essa formação, para algumas mulheres, não é um processo fácil e pode vir acompanhado de histórias tristes, de ser uma gravidez não desejada, de complicações de saúde. O fato é que cada um tem uma história, uma trajetória no desenvolvimento da escrita da própria vida, da vida da família, de todos seus integrantes.

Ao nascer, geralmente, o primeiro contato que a criança tem com o externo é a mãe, ouve a voz, sente o toque e o cheiro. Nesse primeiro reconhecimento, o vínculo fica ainda mais forte, pois naturalmente a relação entre a voz da mãe e a da criança, antes desconhecida, passa a acontecer, trazendo conforto e segurança.

Quanta coisa esse bebê está aprendendo ao nascer, relações, vínculos, sensações... Isso somente nesse primeiro momento; a ideia de família já está em processo, em formação nesse primeiro encontro. Não que para ter uma família seja necessário ter filhos, não existe uma definição ou regra, a constituição desse corpo pode ser somente entre o casal. Mas como estamos falando da formação do ser, seus primeiros contatos e aprendizados, acontecem nesse contexto.

A família tem um papel principal na vida da criança, tem a grande responsabilidade de lhe apresentar ao mundo. Tudo começa em casa... Chalita diz que as primeiras lições de convívio, de higiene, de valores, de palavras e de conceitos que ganham significado. Os primeiros olhares, as primeiras vozes a acompanhar e dar sentido ao que os filhos aprendem e apreendem. Os pais são os primeiros educadores, os tutores por natureza, desde o momento milagroso da concepção.

É sob o olhar vigilante da mãe que são presenciadas as primeiras carências, os choros por qualquer razão, o medo do abandono, o engatinhar, os ensaios de sons que vão ganhando forma, as quedas. As primeiras inquietações, os primeiros traumas, a segurança necessária para quem ainda não tem mecanismos próprios de defesa. Tudo se dá na família.

Todas essas fases e processos quase que naturais e automáticos acontecem dentro do seio familiar; entretanto, existem fatores que precisam ser pensados cuidadosamente quando falamos em desenvolvimento do ser humano, como o amor, o caráter, a formação do eu! Estar presente, se mostrar disponível sempre que necessário, é o maior ato de amor que uma criança possa ter, demonstrar complacência ou simpatia por outrem faz toda diferença, sem julgamento, mas com acolhimento se estabelece a segurança, o lugar de apoio, onde possa buscar quando precisar, sem receio de errar, fracassar, pois sabe que terá alguém para lhe apoiar! Isso é fundamental na construção do ser, no envolvimento de uma família, no crescimento emocional e intelectual de todos os envolvidos. Chalita diz que pais compreensivos não esperam que os filhos vivam os sonhos não realizados por eles. A projeção da felicidade não é a felicidade. Portanto, os desafios são inúmeros, a formação do indivíduo não está ligada somente a momentos bons, pelo contrário, aprendemos muito mais na dor, na dificuldade, claro, tendo uma base, um lugar onde possa se apoiar, o caminho fica mais leve. O legado é este, deixar valores que norteiem a vida dos filhos para sempre.