Kelly Moura
Colabora no Meer desde novembro de 2023
Kelly Moura

Uma mulher cearense, filha caçula de família grande que veio do interior do Ceará, Baturité/Crato. Nasci, cresci e morei na cidade de Fortaleza, sempre acerca do Campus Universitário Pici da Universidade Federal do Ceará, a qual me graduei em Pedagogia. Uma região onde a família de Rachel de Queiroz residia e foi aí que a mesma escreveu uma de suas mais famosas obras, O Quinze (1930). Nesse campus universitário, que era meu quintal, visitava com a família para colher frutos, apreciar as árvores e os espaços verdes que não tínhamos no bairro.

Atuei principalmente em museus governamentais na cidade de Fortaleza, fui aprendiz de professora na Escola Sesc Educar e tive o prazer de participar como educadora social na Fundação Social Raimundo Fagner e professora no Instituto Irmã Giuliana Galli. Passei cinco anos incompletos como professora de educação infantil e fundamental na Prefeitura de Fortaleza, incompletos porque decidi em Julho de 2023 abraçar a ideia de sair para viajar e descobrir o que está para além da minha realidade, abraçar o lindo e o corajoso da vida através da experiência de ficar em cada cantinho possível que me acolha bem e que haja uma boa troca de tempo investidos em conhecimento de culturas, de viagens, de linguagem e por aí anda.

Tenho especialização em Psicopedagogia e fascinação pelos livros infantis, adoro contar histórias e ver os olhos brilharem de curiosidade das crianças quando conto uma história com vida e cada página é uma vida a mais vivida na eternidade.

A palavra é uma boa forma de nos expressarmos frente ao universo. Antes de começar falando sobre quem sou hoje, faço alusão à minha infância, aos livros que tive acesso em minha casa e, principalmente, ao dicionário que me fazia descobrir novas palavras , com isso, alimentava minha curiosidade e desejo pelo novo. A autonomia veio até mim desde cedo como um convite às vezes amassado e duro, por vezes liso, mas com muitos parágrafos ainda por escrever, o exemplo de vida da minha mãe me fez inventar minhas próprias histórias sobre a vida, minhas próprias conclusões sobre a lua, a terra, a noite, aprender de um todo já que o tempo que me dedicava sobre seu amor materno era expressado através das suas horas dedicadas ao trabalho.

Na escola amava fazer redação, me encontrava e ali poderia ser quem e como quisesse, poderia falar tudo que penso e imagino, já que a realidade não importa, já que no mundo real era uma menina alta, desengonçada e bastante tímida que apreciava mais a biblioteca que ficar no recreio. Com amor e paixão pelas coisas e pelas boas palavras, inventei uma boa redação, com fervor de uma adolescente apaixonada e que lhe encantavam os romances, o sofrimento, o imaginar mesmo sem ter a necessidade de ser. Fiz uma redação sobre um romance com detalhes de um período clássico, onde imaginei uma arquitetura européia com aquele ar frio, nada similar ao meu Ceará. Estava ansiosa para saber a nota da redação, de pronto, o professor que não havia se dado conta que eu existia, ao invés da nota colocou essa frase “cópia de onde?”

Aí foi uma das poucas vezes que tive coragem de me levantar da cadeira e tomar coragem para me defender da injusta averiguação da minha redação. Esse mesmo professor de português me incentivou a escrever e agora estou aqui, me qualificando para corresponder a minha necessidade de escrever, escrever porque é preciso, escrever como uma prática de eternidade.

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