Existem duas coisas que impedem uma pessoa de realizar seus sonhos: achar que eles são impossíveis ou, através de uma súbita reviravolta na roda do destino, vê-los transformar-se em algo possível quando menos se espera. Pois nesse momento surge o medo de um caminho que não se sabe onde vai dar, de uma vida com desafios desconhecidos, da possibilidade de que as coisas às quais estamos acostumados desapareçam para sempre.

Paulo Coelho, in “O Demônio e a Senhorita Prym”

De todas as histórias possíveis de escrever, eu nunca achei que chegaria o dia sonhado em que escreveria sobre Roma. Sempre fui apaixonada por história, minha matéria favorita, e quando estudei dobre a Itália na escola, em especifico o império romano e todos os pormenores dessa grandeza, que prometi a mim mesma que um dia estaria na Itália.

Demorou, mas finalmente em 2023 fui, tinha em principio escolhido ir no meu aniversário, Maio, mas não aconteceu. Mas no último mês do ano, dezembro finalmente embarquei: Fui a Roma! Eu fui a Roma! Uma viagem tão secreta que parecia surreal mesmo depois da compra das passagens, de marcar hospedagem e até mesmo de montar a mala. Aquela noite antes de viajar, eu nem dormi, mas não sentia ansiedade, nada, nadinha. Foi somente quando o avião se prepara para o pouso que através da janela do meu assento, avistei o Coliseu, ali a ficha caia e me arrepiei da cabeça aos pés, meu coração pulava, estava agora longe dos livros de história e conheceria tudo com meus próprios olhos.

Ciao, Roma

A capital da Itália, uma cidade enorme com cerca de 3.000 anos de história, arte e uma culinária impecável. Caminhar pelas ruas da cidade é dar de cara com centros históricos, as ruínas da grandeza do antigo império romano, assim entrando mais e mais na história, revisitando um passado tão rico em tantos detalhes. Me senti de volta à sala de aula a céu aberto, e isso foi um presente dos sonhos. Conhecer o mundo é bom demais.

Apesar do pequeno imprevisto com o atraso no voo, e de uma certa altura em que já não sentia mais os dedos dos pés, a viagem correu muito melhor que o esperado. Dos países europeus que conheci, das pessoas da Europa, achei os italianos acessíveis e simpáticos, essa claro pode ser uma experiência e opinião bastante particular, foram de fato muito mais abertos ao turismo que outros.

Do aeroporto Ciampino até o centro da cidade, gastamos 30min até a estação central Termini. Relativamente ao transporte, achei uma facilidade gigantesca em termos de locomoção e informação.

Coliseu

Um dos maiores, se não o maior monumento da cidade, tem 2.000 anos de idade e não há dúvidas de que, ao chegar em frente a ele, tua mente volta ao tempo literalmente. Fiquei emocionada porque parecia surreal demais.

Sua construção começou no império de Vespasiano e terminou no império de Tito; outras mudanças foram feitas no reinado de Domiciano, esses três imperadores conhecidos como a dinastia flaviana. No Coliseu, eram realizados diversos espetáculos, como caça animal, e entre eles, a batalha de gladiadores. Gladiadores ou escravos nunca foram pagos por participação, mas o vencedor levava um prêmio; entretanto, o coliseu ficava cheio, com cerca de 50 a 80 mil pessoas para assistir. Renderam inclusive vários clássicos filmes no cinema do mundo inteiro.

Aqui estou eu escrevendo como historiadora, mas de um ponto de vista turístico, essa foi a viagem da minha vida. Sei que já era noite quando do Coliseu fui direto ao Fórum Romano, e mais uma vez, encantada. Escrever sobre algo sendo imparcial muitas das vezes é complicado, mas escrever na imparcialidade quando tu realizas um sonho é ainda pior, parece-me que adjetivos dão lugar a opiniões e nada é suficiente para descrever.

O Fórum Romano fica no centro da cidade, uma praça rodeada de várias ruínas de entidades públicas do império. Ali acontecia a vida pública de Roma, discursos, cerimônias, eleições e tantos outros assuntos comerciais. “O coração da Roma antiga foi considerado o ponto de encontro mais conhecido do mundo, em toda a história”.

Moraria fácil, fácil. A energia romântica e as paisagens históricas claramente são traços da minha personalidade. Depois, não seguimos mais o roteiro de viagem; a cada esquina, tudo era novidade. E sempre por um acaso, acabávamos por encontrar o inicialmente planejado. Talvez sequer consiga citar todos os lugares que conhecemos, dos principais aos menos visitados. Posso dizer que andei por cada cantinho de Roma.

O Complexo Vittoriano, encontramos o monumento em homenagem a Vítor Emanuel II, considerado o pai da pátria italiana, primeiro rei do país. A seguir, já estava na Piazza Navona, uma das praças mais bonitas da cidade, da era barroca; nela, existem três fontes: Fontana dei Quattro Fiumi, Fontana del Moro, Fontana del Nettuno, sem contar que, tendo ido na época do Natal, tive o prazer de ver a feira natalina com músicas italianas, festejos e um show de marionetes, como não lembrar do Pinóquio? Inclusive muitas lojas turísticas tinham como tema o boneco na versão Disney.

Passamos a noite pelo Panteão e a Fontana di Trevi, a tal fonte dos desejos. Mas foi pela manhã que exploramos esses dois pontos de verdade. Conhecer o mundo é bom demais, explorar o mundo é maravilhoso. Viajar é um investimento que ninguém te tira, criar memórias em lugares incríveis é para sempre.

Fontana di Trevi

... há quem diga que, ao jogar uma moeda, o turista retornará a Roma algum dia, com duas moedas, irá encontrar o amor de sua vida, e com três moedas, irá se casar com esse grande amor.

A fonte mais bonita de toda Roma e uma fonte de desejos por isso uma das mais visitadas, chegamos cedinho para garantir certa tranquilidade, não contávamos era com a manutenção. Antes das 11h, um pessoal retirava todas as milhares de moedas jogadas por turistas. Dizem que a fama da fonte de receber tantos desejos veio através do cinema e alguns filmes que a retratam como tal, assim como histórias antigas.

Por via das dúvidas, joguei minhas singelas três moedas, mas lembre-se de que as moedas têm que ser jogadas com a mão direita por cima do ombro.

A fonte por si só é uma construção datada de muito tempo atrás e que passou por diversas reformas. E segue sendo uma atração, vale muito a pena passar uns minutinhos admirando.

Pausa para falar da comida italiana, foi literalmente a primeira coisa que fiz quando cheguei. Sem palavras, é sem dúvidas uma das culinárias mais incríveis do mundo. Comi bem, comi muito e comeria mais.

O Panteão de Agripa ou Panteão de Roma, conhecido como uma das obras-primas arquitetônicas, é o edifício mais bem preservado da capital; em frente, temos mais uma praça que em si já possui uma energia única. Bares e restaurantes a rodeiam e criam uma atmosfera e experiência única, tomar um limoncello ou Aperol Spritz enquanto curte a vista é uma boa. Apesar de um monumento visitado e histórico, ainda é uma igreja e celebram missas. Isso mesmo!

Praças e praças com monumentos estão por toda parte, e em busca de mais uma, achamos a Piazza del Popolo. Uma das maiores que vi, cercada pela Basílica di Santa Maria del Popolo e, sem querer, encontrei um pequeno museu do Leonardo da Vinci.

Como comentei, já não dá para me aprofundar em tudo com tanto detalhe e nem em tudo que meus olhinhos viram, mas a viagem foi uma conquista inumerável. Até se parar para pensar e me beliscar, não parece que aconteceu.

Grazie, Roma!