Para garantir o adequado desempenho de qualquer sistema ou produto, é imprescindível estabelecer critérios claros de avaliação para cada requisito. Esta prática não apenas oferece uma base objetiva para a análise, mas também serve como um meio eficaz de traduzir as demandas dos usuários em termos técnicos tangíveis.

No contexto de imóveis, essa abordagem se mostra ainda mais crucial. Ao longo da vida útil de uma propriedade, as necessidades dos usuários podem variar e evoluir. Portanto, é essencial que os requisitos de desempenho sejam definidos de forma a refletir não apenas as expectativas atuais, mas também considerar possíveis mudanças e demandas futuras.

Ao reduzir a subjetividade na definição dos critérios de avaliação, estamos não apenas garantindo a clareza e objetividade no processo, mas também proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento e aprimoramento contínuo das edificações. Isso permite que os profissionais do setor, como arquitetos, engenheiros e construtores, tenham diretrizes claras para projetar, construir e manter propriedades que atendam de maneira eficaz e eficiente às necessidades dos usuários ao longo do tempo.

Além disso, a definição precisa dos critérios de avaliação pode contribuir significativamente para a qualidade e a durabilidade das construções, ajudando a evitar problemas futuros e reduzindo custos de manutenção. Dessa forma, ao adotar uma abordagem orientada por critérios claros e objetivos, podemos assegurar que os edifícios não apenas atendam às expectativas dos usuários, mas também ofereçam um ambiente seguro, confortável e funcional ao longo de sua vida útil.

A seguir, demonstra-se a estrutura clássica da abordagem de desempenho em edificações.

Imagem 1: Estrutura clássica da abordagem de desempenho. image host

A norma NBR 15575, conhecida como norma de desempenho, marca uma evolução significativa no cenário das regulamentações para construções no Brasil. Suas principais diferenças em relação às normas anteriores são notáveis e impactantes. Uma das características mais distintivas é a imposição de uma vida útil mínima obrigatória para cada sistema contemplado. Isso significa que não basta apenas construir uma edificação que atenda aos requisitos básicos de segurança e funcionalidade; é necessário também garantir que essa construção tenha uma durabilidade adequada ao longo do tempo.

Do ponto de vista técnico, a consideração da vida útil no nível do projeto é essencial. Estudos indicam que cerca de 50% do desempenho dos edifícios depende diretamente das decisões tomadas durante a fase de projeto. Portanto, não se trata apenas de uma questão de implementação de materiais e técnicas construtivas adequadas, mas sim de uma abordagem que começa desde a concepção do projeto técnico.

Ao estabelecer uma vida útil mínima para os sistemas construtivos, a NBR 15575 visa promover a qualidade e a sustentabilidade das construções. Isso implica não apenas em garantir a segurança dos ocupantes, mas também em reduzir os custos de manutenção ao longo do tempo e minimizar o impacto ambiental decorrente de obras mal planejadas.

Uma visão econômica é fundamental para garantir a sustentabilidade de projetos e produtos. Compreender que o custo global não se limita apenas à fase de construção é crucial; ele abrange também o uso e a operação ao longo da vida útil. Surpreendentemente, o menor custo de construção nem sempre resulta no menor custo global, enquanto investimentos maiores inicialmente podem se traduzir em economias significativas a longo prazo. No entanto, a falta de regras claras muitas vezes leva os construtores a optar pelo menor custo de construção, ignorando o potencial de economia e eficiência a longo prazo.

Quando consideramos o impacto ambiental, a extensão da vida útil de um sistema ou produto desempenha um papel categórico na sustentabilidade. A análise do ciclo de vida revela as verdadeiras pegadas ambientais e oferece insights para minimizar o impacto ao longo do tempo. Além disso, uma abordagem focada no usuário não apenas beneficia o consumidor, mas também protege os usuários de baixa renda, garantindo que soluções acessíveis e duradouras estejam disponíveis para todos, promovendo assim uma sociedade mais equitativa e sustentável.

Para atender à norma, uma colaboração coordenada é essencial entre os diferentes intervenientes no processo de construção. Os incorporadores desempenham um papel crucial ao identificar os riscos previsíveis durante a fase de projeto, incluindo questões ambientais e níveis de ruído, e ao fornecer estudos quando necessário para informar os projetistas. Os arquitetos, por sua vez, precisam adotar uma nova metodologia de projeto que leve em conta esses riscos identificados. Os fabricantes de materiais devem estar cientes do desempenho de seus produtos e fornecer informações padronizadas, como durabilidade, para garantir a qualidade da construção. Os construtores têm a responsabilidade de seguir rigorosamente o projeto, dominar técnicas construtivas e adquirir materiais e sistemas com base no preço e desempenho. Além disso, é essencial a elaboração dos Manuais para o Proprietário ou Síndico. Após a conclusão da obra, os consumidores e administradores precisam desenvolver e implementar programas de manutenção corretiva e preventiva para garantir a longevidade e a segurança do edifício. Essa abordagem colaborativa e abrangente é fundamental para garantir que as normas sejam atendidas e que os edifícios construídos sejam seguros e duráveis.

As novas exigências para a construção civil têm imposto desafios significativos à indústria, destacando-se a necessidade premente de adotar uma nova metodologia de projeto. Este paradigma envolve não apenas a concepção estrutural do edifício, mas também o estabelecimento minucioso das condições do entorno do empreendimento. Além disso, é imperativo um profundo conhecimento do desempenho dos sistemas especificados, assim como a obtenção de informações detalhadas sobre o funcionamento dos componentes que compõem a construção. Nesse contexto, a metodologia para análise específica de alguns requisitos emerge como uma ferramenta indispensável, permitindo uma abordagem mais precisa e eficiente na busca pela excelência na construção civil.

A gestão eficaz de um empreendimento para assegurar um desempenho consistente requer uma abordagem holística e sistêmica, que reconheça a interconexão entre todas as partes envolvidas. Cada sistema deve ser analisado não apenas de forma isolada, mas também em relação ao todo integrado, garantindo assim uma visão global que oriente as decisões e ações.

Nesse contexto, os projetistas desempenham um papel crucial, especialmente arquitetos e coordenadores de projeto, pois são responsáveis por conceber e coordenar as diferentes partes do empreendimento de forma a garantir sua integração e funcionalidade. Sua expertise é fundamental para assegurar que cada elemento contribua para o desempenho geral do projeto.

Além disso, o conhecimento e a aplicação de normas técnicas são cada vez mais valorizados, pois proporcionam diretrizes claras e padrões de qualidade que orientam o desenvolvimento e a execução do empreendimento. Isso não apenas garante a conformidade com as regulamentações, mas também contribui para a eficiência e a segurança do projeto.

Um aspecto essencial para o sucesso a longo prazo do empreendimento é a implementação de programas de manutenção corretiva e preventiva. Orientações claras para os usuários sobre como elaborar e executar esses programas são vitais para garantir o desempenho contínuo do empreendimento e proteger os interesses das construtoras. Isso inclui o conhecimento dos métodos de montagem de diversos materiais, bem como o detalhamento dos elementos e componentes, para garantir que a manutenção seja realizada de forma eficaz e adequada às necessidades do projeto.

Portanto, ao adotar uma abordagem que valorize a integração sistêmica, o conhecimento técnico e a implementação de práticas de manutenção adequadas, as construtoras podem garantir não apenas o desempenho satisfatório de seus empreendimentos, mas também sua longevidade e sucesso a longo prazo.

Em resumo, a norma de desempenho representa um avanço importante no setor da construção civil, trazendo consigo a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa e proativa desde a fase inicial do projeto. Ao considerar a vida útil como um aspecto central, ela busca garantir não apenas a qualidade das edificações no momento da entrega, mas também sua durabilidade e eficiência ao longo dos anos, atendendo assim às demandas de um mercado cada vez mais exigente e consciente.

Estabeleça critérios claros! Garanta o desempenho ideal do seu projeto com avaliações objetivas e diretrizes precisas.