Tendência marcante nos últimos dois anos, a expressão usada para referir-se a uma agenda voltada à sustentabilidade social, ambiental e de governança é presença certa no posicionamento de marcas em diferentes segmentos, mas principalmente no mercado corporativo.

E em que momento a sigla ESG (Environment, Social & Governance) impacta a moda e, em especial, as semanas de moda?

Copenhagen Fashion Week

Em 2006, a capital da Dinamarca criou sua própria Fashion Week: a Copenhagen Fashion Week.

Essa semana de moda vem fazendo barulho no mercado e ganhando cada vez mais espaço por conta da valorização do estilo descomplicado e elegante dos países nórdicos, mas principalmente por conta de suas práticas sustentáveis.

Expliquemos esses dois pontos.

Países como Dinamarca e Suécia, que integram a lista dos países nórdicos, têm uma moda effortless, sem esforço, voltada para o conforto, condições climáticas e principalmente voltada para o estilo de vida deles.

Conceitos como o Lagom e o Hygge, traduzem perfeitamente o estilo de vida dessa região e como eles carregam isso para a moda.

Lagom é a palavra sueca para o conceito de ser suficiente, não ser muito, mas também não ser pouco.

É a valorização da medida certa para a vida. Em países como esses, a desigualdade não tem vez, as pessoas desfrutam de condições financeiras parecidas, poder de aquisição similar e oportunidades próximas, então não faz sentido o esforço para chamar atenção e ir além do necessário.

Assim como não faz sentido gastar mais horas no trabalho do que com a família, também não faz sentido vestir-se inteiramente de marcas de luxo para mostrar ter mais do que as outras pessoas.

Já na Dinamarca o conceito Hygge dita um estilo de vida voltado para o conforto, bem-estar e a não valorização de atitudes forçadas.

Os valores carregados em sociedade representam bastante o estilo de vida desses países e consequentemente também a moda vivida por eles.

Não é comum produções gigantescas, muitas cores, grifes e o aspecto de visual carregado.

Equilíbrio, igualdade, colaboração e transparência ditam os costumes.

ESG na moda

Não só ditam os costumes como também ditam regras no principal evento de moda do país.

A Copenhagen Fashion Week acontece duas vezes ao ano. Uma entre os dois primeiros meses e a outra no mês de agosto.

Em ambas as edições as marcas que desfilam no evento têm uma lista de 18 práticas a serem cumpridas que envolvem desde os materiais escolhidos para a produção das roupas até as ações no dia do desfile.

Confira algumas das condições mínimas exigidas:

  • 50% da coleção deve ser certificadamente feita de materiais recicláveis e sustentáveis ou feita com estoque sobressalente de coleções passadas.
  • Diligência comprovada para certificar que tanto a marca quanto os fornecedores são livres de trabalho forçado ou infantil.
  • Embalagens recicláveis e não feitas de plástico.
  • A produção do desfile deve ter zero desperdício.
  • A seleção de modelos escolhida para o desfile deve ser inclusiva e diversa.

Isso tudo está fazendo a Copenhagen Fashion Week chamar atenção das fashionistas ao redor do mundo e integrar a lista das semanas de moda mais visadas junto de Nova York, Milão, Paris e Londres.

A reflexão interessante a ser feita é a de que não há espaço só para o que já conhecemos.

A fórmula das semanas de moda luxuosas, com grifes clássicas e celebridades como convidadas já existe e faz muito sucesso para quatro países. Mas o novo pode ter espaço, é possível fazer moda diferente, sustentável e ainda assim chique, descolada e atual.

A moda alinhada às práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) é um sopro de esperança para o mundo e para a revolução do estilo.

É possível que ambas as fórmulas de semanas de moda existentes aprendam uma com a outra. Quem sabe assim o conceito Lagom e Hygge vá além de suas fronteiras e tenhamos todos mais equilíbrio.