A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar Estruturas Encontradas, exposição coletiva que reúne trabalhos dos artistas Brígida Baltar, Cao Guimarães, Fabio Miguez, Lucia Koch, Milton Machado, Paulo Bruscky, Raul Mourão e Sérgio Sister, além do artista convidado Marlon Azambuja. Encerrando o calendário de exposições de 2019, a mostra é um exercício curatorial de Luis Pérez Oramas, que a partir de 2020 atuará oficialmente como Diretor Artístico do novo projeto curatorial da galeria.

Partindo da noção moderna de ‘objeto encontrado’ em que uma obra de arte não seria produto da técnica, mas do acaso, em Estruturas Encontradas, Pérez-Oramas propõe a olhar, em suas palavras, “aquilo que já estava ali, encontrando, ao acaso, vínculos nas e entre as obras, assim como confluências de significado, analogias inesperadas, deslocamentos de sentido e novas interpretações”.

Segundo o curador, o conceito de ‘objeto encontrado’ – ‘objet trouvé’, em francês – atravessou o legado da modernidade por inteiro: da invenção da ‘collage’, nos primórdios do Cubismo, à instituição do ‘ready-made’ por Marcel Duchamp até a invenção do ‘parangolé’ por Hélio Oiticica, revolucionando assim, o pensamento estético ocidental, que até então era determinado puramente pela técnica e pela vontade de representar.

Muitas vezes é no cotidiano que os artistas vão encontrar as estruturas e formas que servem de mote para a realização de seus trabalhos. Paulo Bruscky percebe poemas nos moldes de revistas de moda feminina, assim como Lucia Koch transforma embalagens e caixas de produtos em espaços arquitetônicos. Cao Guimarães cataloga, na série Gambiarras, a infinidade de soluções criativas tipicamente brasileiras para contornar pequenos problemas do dia-a-dia. Raul Mourão e Sérgio Sister apreendem estruturas como grades de segurança ou engradados de madeira, e as utilizam como pontos de partida para a criação de trabalhos visuais a partir de investigações cinéticas ou cromáticas.

Marlon Azambuja contrapõe pássaros de porcelana, que nos remetem a bibelôs, a impessoais cubos de concreto. Milton Machado e Brígida Baltar ressignificam os elementos cotidianos a partir de novos arranjos, ao passo que Fábio Miguez busca na própria história da pintura as estruturas para suas composições. Nas obras presentes na mostra, o acaso, que propicia o encontro dos artistas com essas formas e objetos no mundo, emerge mais uma vez, agora pelo seu oposto: a articulação entre as obras, faz surgir encontros inusitados a partir de suas configurações formais e temáticas.

Em Estruturas Encontradas, é explorada a possibilidade de pensar a lacuna entre as obras e as relações criadas ao acaso entre elas, como geradoras de sentido. Segundo Pérez-Oramas, é a partir desse espaço que “a significação de uma obra de arte pode transcender seu ‘programa’, e, até mesmo, o regime de intenções que a produziu; é assim que as obras de arte podem significar para além de seu tempo e espaço originários.”