MAR abre, em 26 de agosto, “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” Arte e Sociedade no Brasil 2. A exposição reúne 180 peças, entre instalações em grandes formatos, pinturas, objetos, fotografias, vídeos e documentos que convidam o público a investigar o ambiente escolar e seus elementos, levando a uma reflexão sobre a educação no Brasil e seus métodos. Com curadoria de Paulo Herkenhoff e Janaina Melo, a mostra é dividida em quatro núcleos significativos que, apesar de tratarem de temas distintos, dialogam entre si a partir das obras expostas.

A primeira parte, Linguagem, vai explorar a caligrafia como a arte de dar forma aos sinais de maneira expressiva, harmoniosa e habilidosa. A palavra e a língua serão abordadas em trabalhos de Daniel Santiago e Paulo Bruscky. Já o núcleo Dispositivos tratará dos instrumentos usados para fins educativos, reunindo uma série de artistas que se apropriam de elementos do universo escolar para o desenvolvimento de suas obras. Fotografias de Augusto Malta retratam o ambiente grave e comedido da década de 1930, enquanto o trabalho de Anna Bella Geiger traz a educação em tribos indígenas. Itens como borrachas, livros, folhas pautadas e o quadro negro serão representados nas esculturas, fotografias, objetos e instalações de Nelson Leirner, José Damasceno, Ivens Machado, Felipe Barbosa e Priscilla Monge, entre outros.

Em Teorias, a discussão será sobre a obra de três autores que pensaram a educação – Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro – que pensam a educação e as iniciativas baseadas nesses estudos. É o caso de Jonathas de Andrade, que analisa a relação entre palavra e imagem – método de alfabetização desenvolvido por Freire – em “Educação para adultos”. A instalação “Animating education”, desenvolvida pelo coletivo inglês Aberrant Architecture para a Bienal de Arquitetura de 2012, retrata os CIEPs como o grande projeto arquitetônico para a proposta de um ensino integral e integrado.

Fazem ainda parte do núcleo cartilhas, CDs de música e programas pedagógicos utilizados nos acampamentos do MST como o programa Sem Terrinha – Alunos dos assentamentos. O público também poderá conhecer os projetos de pesquisa e ação cultural da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, no Ceará, e o mapeamento da produção cultural na cidade do Rio de Janeiro, desenvolvido pelos participantes do Projeto Universidade das Quebradas – programa de extensão da UFRJ.

A última parte, Processos, colocará em pauta a educação não formal, mostrando um novo tipo de relação com o ambiente escolar e com a própria ideia de ensino. O artista Jarbas Lopes fará durante a exposição uma imersão no Ginásio Experimental de Arte Visual (GEA) para propor aos alunos e professores uma série de atividades relacionadas à arte e à educação. O resultado dessa experimentação será, ao longo do período, acrescentado à mostra. Já Marilá Dardot vai convidar o público a criar mapas em uma instalação, produzindo livros que se tornam parte da exposição.

“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”, referência a uma frase do escritor e educador Rubem Alves, faz parte do projeto Arte e Sociedade no Brasil, que teve início com a exposição O abrigo e o terreno e é dedicado a pensar a atuação da arte brasileira no campo da alteridade e das relações sociais. O projeto prevê a realização de uma exposição anual pelos próximos dois anos com a proposta de pensar, entre tantos outros aspectos, as diferenças, a convivência, a troca, a escuta, a solidariedade, a educação, os processos de emancipação, a participação cívica e a produção de consciência.

Museu de Arte do Rio

Praça Mauá, 5, Centro
CEP 20081-240
Rio de Janeiro/RJ Brasil
Tel. +55 (21) 30312741
www.museudeartedorio.org.br

Horário

Terça - Domingo
Das 10h às 17h

Imagens relacionadas
  1. Ana Bella Geiger em frente suas obras. Foto Marcel Blanco.
  2. O.M.A., 2003-2011. Instalação. Paulo Meira.
  3. Walmor Corrêa em frente a sua obra Biblioteca dos Enganos. Foto de Marcelo Blanco.
  4. Fotagrafia de Mirian Benetti (3): Sem Terrinha participando de Oficina de Agroecologia. Encontro Regional dos Sem Terrinha 2012, Tinguá, Nova Iguaçu. Imagens do Povo.
  5. Fotagrafia de Mirian Benetti (2): Criança escrevendo carta em solidariedade as crianças palestinas. Encontro Regional dos Sem Terrinha 2012, Tinguá, Nova Iguaçu. Imagens do Povo.
  6. Milton Guran Kayapó, Pará, 1990 Fotografia [photograph] Col. [Coll.] MAR – Doação [Donation] Milton Guran.